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sábado, 12 de outubro de 2013

Feliz Dia da Criança!!!

Nosso elenco: 

Rosa, Marcella, Tice, Alicia, Gustavo e Léo (faltando Mário e Fábio)


Crítica - Helena Katz - O Estado de São Paulo - 7 outubro 2013 - NÔMADE

Pedras do castelo de Mário Nascimento

A cia do coreógrafo, bailarino e diretor evidencia em 'Nômade' a força que pode ter no palco uma pesquisa bem sucedida

07 de outubro de 2013 | 2h 13

Helena Katz - Especial para O Estado de S.Paulo
Nômade, a mais recente produção da Cia Mário Nascimento, recém-estreada em São Paulo no Teatro Sérgio Cardoso, tem como mérito apresentar as pedras e o castelo que elas constroem. Quem não tiver a clareza necessária sobre o que é, de fato, uma pesquisa continuada em dança, encontra aqui a solidez do que a tece: a insistência de uma relação de necessidade juntando os passos/pedras ao que deles resulta, uma coreografia/castelo, que se guia pela transformação permanente e se inaugura em cada nova etapa da sua construção.
'Nômade' é a mais recente produção da Cia Mário Nascimento - Duda Las Casas/ Divulgação
Duda Las Casas/ Divulgação
'Nômade' é a mais recente produção da Cia Mário Nascimento
Esse processo contínuo e ininterrupto tem agora 15 anos. Uma história que retrocede e avança em uma trajetória parabólica. O coreógrafo, bailarino e diretor Mário Nascimento inventou um movimento que vai até a distância da sua força. Um movimento que se dilata na fundura de um espaço que se abre e abre e abre, ao mesmo tempo sendo e provocando uma ventania que não cessa de reorganizar uma paisagem. Nela, algumas referências já são identificadas na assinatura de uma forma que vem desenhando um corpo específico. O corpo de um artista que dança, toca instrumentos, fala e canta.
Nessa construção em fluxo, foi necessário encontrar parceiros sem os quais ela não se viabilizaria. No atual elenco todos estão, felizmente, encharcados destes movimentos, cada um na sua medida, fazendo-os brotar e transbordar do seu jeito. São oito bailarinos formando uma constelação cujo brilho vem dos rebatimentos do que um faz no que outro faz. Alicia-Lynn Castro, Eliatrice Gischewski, Fábio Costa, Gustavo Silvestre, Leo Garcia, Marcella Gozzi, Mário Nascimento e Rosa Antuña têm a sabedoria de se especializar em repetir uma mudança. Não se dedicam a limpar os gestos porque esse procedimento não cabe na sua proposta. Vão dançando com a urgência daquilo que não cessa. Nos momentos em que caminham, estão apenas ligando o que acabam de fazer com o que vai ser continuado.
Rosa Antuña, há 10 anos trabalhando com Mário Nascimento, exemplifica o sentido mais pleno de uma espécie de beleza que vem somente da permanência. Ela realiza a poesia de um dançar que vai ventando pela cena. Seu trabalho de voz agora voa, e no seu corpo tudo vai acontecendo como nos desenhos animados antigos: começa do centro para as bordas, ganhando nitidez.
A consistência do que foi gestado até aqui pede a sua continuidade. Sem ela, não é possível garantir que algo tão precioso como o trabalho que Mário Nascimento vem realizando continue a se desenvolver. Enquanto o contexto de intermitência promovido pelos editais não desaparecer, vai ficando cada vez mais claro que o sistema de financiamento à cultura que hoje existe ameaça justamente a pesquisa continuada. Felizmente, quem não assistiu sua curtíssima temporada de estreia poderá encontrá-los no dia 5 de novembro, no Sesc Santo Amaro.

quarta-feira, 2 de outubro de 2013

Mário Nascimento encerra sua trilogia com "Nômade" - Helena Katz para o Estado de São Paulo.

foto Duda Las Casas / divulgação - na foto: Léo Garcia e Alicia Lynn Castro

A história da dança no Brasil está atada à atuação dos grupos, e a Cia. Mário Nascimento é um de seus bons exemplos. Continuando uma tradição que fez desses coletivos espaços de formação profissional, a companhia conjuga produção artística com o desenvolvimento de um jeito próprio de dançar. É a solidez desse percurso que poderá ser conferida hoje e amanhã, às 20h, no Teatro Sérgio Cardoso, em Nômade. O espetáculo já foi apresentado em Belo Horizonte, Aracaju, Recife, Mossoró, Natal e Rio de Janeiro.

A obra encerra uma trilogia iniciada quatro anos atrás com a remontagem de Escapada, a criação que inaugurou a companhia em 1998. Naquela primeira versão, Mário Nascimento e o músico Fábio Cardia, os fundadores da Cia MN, propunham uma reflexão sobre o desconforto com o lugar de origem. Em 2001, surgiu Território Nu, que explorava o desapego com o caminho escolhido, de modo a buscar a liberdade das transformações. Agora, o interesse está na possibilidade de cada um desenhar um percurso próprio que expanda suas limitações.

"Penso que se trata de um único trabalho, dividido em três partes. Cada uma delas foi indispensável para que pudéssemos chegar onde estamos agora em termos de movimento", conta Nascimento.

"Apresentar nosso trabalho nesta cidade sempre tem o gosto de uma volta, pois foi aqui que tudo começou. Minha história artística está muito ligada ao que acontecia no Centro Cultural São Paulo entre os anos 1980 e 1990, quando Marcos Bragato atuava lá como coordenador de dança e abria espaços para a produção que despontava", afirma.

Ele lembra também que foi aqui que fez a escolha profissional que mudou tudo em sua vida. Os anos 1990 haviam transformado Mário Nascimento em uma grife de muito sucesso entre as escolas que disputam os festivais competitivos de dança. Ganhador inveterado, havia conquistado um mercado que lhe garantia prestígio e estabilidade financeira. Tudo indicava que permaneceria na trilha em que havia se tornado uma celebridade.

Surpreendendo a todos, escolheu outro percurso. "Poderia ter seguido no caminho mais fácil, mas decidi começar a estudar muito para virar pesquisador e poder fazer uma outra dança. Hoje, estou muito consciente de que fiz a escolha certa, mesmo precisando lutar a cada dia para poder continuar nela, pois as condições de sobrevivência são duras".

Mário refere-se ao financiamento de sua companhia, iniciado em 2008 com a Petrobras, que está expirando."nunca estivemos tão sólidos e não vamos parar. O grupo aceita não ficar em nenhuma zona de conforto e me acompanha no processo de investigação permanente que faz parte de nosso dia a dia. Nômade, por exemplo, está sendo feito há mais de um ano e ainda não paramos de mexer na sua coreografia.

Parceria. A companhia tem 15 anos. Nasceu em São Paulo, mas em 2002 transferiu-se para Belo Horizonte: De lá para cá, vem mantendo o ritmo de uma nova produção a cada ano. O repertório foi construído pela continuidade da parceria entre Mário Nascimento e Fábio Cardia, e, nos últimos dez anos, passou a contar com a colaboração de Rosa Antuña.

"Ela está no melhor momento de sua carreira. Está livre dentro do espetáculo. Atua como eu fazia quando dançava sozinho, contando somente com o Fábio e sua música em cena", comenta Mário. "Nossa parceria ajuda a enfrentar essa sensação de beira de abismo de agora, e também a força do atual elenco, cuja qualidade é um estímulo e tanto para a certeza de que não pararemos. Vamos em frente, como sempre fizemos ao longo de nossos 15 anos de persistência".

NÔMADE - Teatro Sérgio Cardoso
Rua Rui Barbosa, 153, Bela Vista, 3288-0136
quarta e quinta, 20:00hs - ingressos 20,00 reais inteira e 10,00 reais meia.